Incenso Nossa Senhora Aparecida, o incenso do Papa Bento XVI

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Pouca gente sabe, mas aquele incenso perfumado, de fumaça espessa e visível, usado nas celebrações pontifícias é brasileiro e tem origem numa fórmula exclusiva, que leva o nome da padroeira do Brasil, Nossa Senhora Aparecida.

Como essa história começou? De forma inusitada e despretensiosa. Dois meses antes da celebração de canonização de Frei Galvão no Brasil, que aconteceria durante o Conselho Episcopal Latino-Americano (CELAM), em maio de 2007, uma ligação surpreendeu Martinho Rocha, proprietário e idealizador da Milagros: “achamos que era um trote, mas eles nos pediram para fornecer o incenso para a  celebração. Ficamos muito surpresos!”, recorda. A solenidade aconteceria na Basílica Nossa Senhora Aparecida, no Estado de São Paulo.

O primeiro material de produção exclusiva da Milagros nasceu assim, sob uma encomenda digna, mas não tinha pretensão de ir tão longe. “Um dia eu acordei pensando: poxa, o primeiro santo brasileiro vai ser canonizado no maior país católico do mundo, e nós vamos fazer um incenso!”, lembra Martinho Rocha.

O incenso, que leva o nome da padroeira do Brasil, não é apenas perfumado, mas é belo, expressivo, de grãos azuis. Chama atenção o detalhe das gotas douradas, que remetem ao manto da Virgem. Feito isso – num período de dois meses –, a Milagros colocou à disposição da organização do evento todo o acervo disponível para que a organização escolhesse. “Naquela época, nós já trabalhávamos com os melhores incensos do mundo: ingleses, italianos, gregos. Colocamos todos à disposição deles. Só depois da celebração é que soubemos que o incenso escolhido para a canonização tinha sido o Nossa Senhora Aparecida. Isso foi emocionante e um marco muito importante para a nossa história!”, lembra o empresário.

A fórmula

Criado assim, “a toque de caixa”, como diz Martinho, o incenso brasileiro obedece criteriosamente os padrões de qualidade necessários para que seja apropriado para a Liturgia. Ele explica que, para ser um incenso católico e apto ao uso no culto divino, precisa necessariamente ter como matéria-prima a resina colhida da seiva da árvore da família das Boswellia, de origem norte-africana. “O nome dessa goma é ‘incenso’. Tudo o que se conhecia de incenso na antiguidade era originário desse material”. A receita usada não é revelada, mas junto à resina, o incenso Nossa Senhora Aparecida contém elementos tipicamente brasileiros, de plantas nativas. Isso dá um toque especial ao perfume e, como se vê mais adiante, agradou o olfato do Papa Bento XVI e, mais tarde, do Papa Francisco.

Sobre esse assunto, o Padre Carlos Virilo, responsável pela visita de Bento XVI ao Brasil, na ocasião da canonização de Frei Galvão, foi categórico ao justificar a escolha da Milagros para oferecer o incenso deste momento histórico: “Conhecemos a dedicação e o zelo que essa empresa tem para com as coisas de Deus”.

Fechando este primeiro ciclo, a Milagros enviou de presente ao papa uma amostra do incenso Nossa Senhora Aparecida, a título de lembrança e também como sinal de gratidão pela experiência vivida.

A correspondência do Vaticano

Passados 8 meses daquela ocasião extraordinária, a empresa recebeu um retorno surpreendente do Vaticano, sobre o presente enviado logo após as festividades da canonização de Frei Galvão: “Queriam saber que incenso era aquele azulzinho. Eles haviam gostado muito!”, lembra Martinho Rocha. Todos pensavam que o assunto havia se encerrado, mas, na verdade, estava apenas começando. 

Na verdade, a correspondência era mais uma nobre encomenda. Queriam aquele incenso para a Missa do galo (dezembro de 2008), uma das celebrações mais importantes da Liturgia católica, a ser celebrada na Basílica de São Pedro, no Vaticano.

Segundo o Padre Paolo Benedik, responsável pela Sacristia Pontifícia, o Papa Bento XVI sempre foi muito sensível à questão do incenso e, como é sabido por todos, tem muito zelo e reverência pela Liturgia. “O incenso agrada porque possui um belo perfume e é visto quando é usado (fumaça). Um bom perfume e uma bela fumaça. É agradável, não é violento. Isso é muito importante para nós!”, afirma o sacerdote.

O incenso brasileiro no Vaticano

A partir de então, feitos alguns ajustes, o incenso brasileiro passou a ser usado rotineiramente nas celebrações pontifícias. “Para nós é um sentimento de estarmos no caminho certo e de ter reconhecido o nosso zelo e amor pela Igreja”, afirma Martinho.

A Milagros conquistou a confiança, inclusive, do Mestre de Liturgia das Celebrações Pontifícias, Monsenhor Guido Marini. Em depoimento gravado especialmente para a empresa, mencionando sua missão, ele destaca: “A Milagros nos ajuda a não perder de vista, ou melhor, a valorizar esta preciosa simbologia do incenso na oração, na vida da Igreja e sua Liturgia”.

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